O senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB) e o deputado federal Pedro Cunha Lima (PSDB) aparecem na lista de parlamentares que são candidatos a governador em seus estados e que estão turbinados pelo Orçamento Secreto, mecanismo do governo Bolsonaro para aprovar matérias do Executivo no Congresso.
Levantamento feito pelo Valor com base em dados do Sistema de Indicação Orçamentária da Câmara dos Deputados revela pedidos de repasses de aproximadamente R$ 850 milhões. Parte das solicitações cadastrados no sistema ainda não foi liberada.
O campeão de solicitações do Orçamento secreto é o senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB), que também é vice-presidente do Senado e candidato ao governo da Paraíba. De acordo com o levantamento, ele cadastrou quase R$ 127 milhões em emendas, grande parte delas tem como destino o Ministério da Saúde, para aquisição de equipamentos e incrementos no custeio dos serviços de atenção primária.
Apesar de seu partido ter lançado Tebet ao Planalto, Veneziano declara apoio a Lula. Ao comentar, mês passado, os escândalos de corrupção durante os governos petistas, o ex-presidente classificou o Orçamento secreto como “a maior excrecência da política”. Em outra oportunidade, disse que o mecanismo utilizado para liberação de recursos é a “fonte do maior esquema de corrupção da história do país”.
O deputado Pedro Cunha Lima, que tem como bandeira principal o “fim dos previlégios”, disse que “os recursos solicitados se destinam a 18 municípios paraibanos, para investimentos em áreas como infraestrutura, assistência social e atenção primária da saúde”. “Não há nada de secreto nesta informação, que é pública e transparente”, completou Lima.
Lula critica orçamento secreto
O candidato à Presidência Luiz Inácio Lula da Silva (PT) comparou o escândalo do Mensalão ao orçamento secreto. Em entrevista no Jornal Nacional, nesta quinta-feira (25/8), o petista fez críticas ao mecanismo de repasse de verbas ao Congresso Nacional durante o governo de Jair Bolsonaro (PL).
Durante a entrevista, Lula questionou a jornalista Renata Vasconcellos com a comparação: “você acha que o mensalão, que tanto se falou, é mais grave que o orçamento secreto?”. O candidato seguiu fazendo críticas ao Centrão e falou sobre o relacionamento entre o Planalto e o Congresso Nacional.
“A vida política estabelecida em regime democrático é a convivência democrática na diversidade. Nenhum presidente da República, num regime presidencialista, governa se não estabelecer uma relação com o Congresso Nacional. O Centrão não é um partido político, até porque hoje só tem (como) partido político o PT, o PCdoB, talvez o Psol, o PSB. Porque quase todos os outros partidos são cartoriais, são cooperativas de deputados que se juntam em determinadas circunstâncias”, disse e acrescentou afirmando que pretende falar separadamente com cada legenda, se eleito.