Por Josival Pereira
A declaração nem era lá tão expressiva, mas foi suficiente para ganhar destaque razoável nos portais de notícias, blogs e programas de rádio. Na sexta-feira, em entrevista em Campina Grande, o ex-governador Ricardo Coutinho ensaiou um elogio ao deputado Pedro Cunha Lima.
Na verdade, Ricardo reconheceu o desempenho inicial de Pedro como pré-candidato a governador, afirmando que ele estava crescendo.
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Pelo registrado na imprensa, o ex-governador teria deixado embutido a abertura, embora ténue, de perspectiva de unidade das oposições num possível segundo turno das eleições estaduais, o que implica sua reaproximação política com o grupo Cunha Lima.
Como na política entende-se que vale de tudo para se derrotar um adversário de quem se tem raiva, praticamente todas as análises do incipiente fato foram no sentido de que Ricardo estaria começando criar clima para se juntar aos Cunha Lima para tentar derrotar o governador João Azevedo.
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Mas será possível que haja brecha para tanto depois de o ex-governador Ricardo Coutinho passar cinco anos usando todas as estruturas de comunicação do Estado para massacrar o também ex-governador Cássio Cunha Lima? Será que Pedro perdoaria o algoz de seu pai por conta de uma eleição?
Essa é uma discussão que, com certeza, ocupará bons espaços na imprensa nos próximos dias. Difícil arriscar uma resposta. Basta lembrar que praticamente todos os adversários e inimigos políticos na Paraíba um dia se reconciliaram de alguma maneira.
No caso de Ricardo e Cássio talvez o tempo seja impeditivo, uma vez que as feridas ainda sangram. Se Cássio está fora do poder, foi jogado por obra da ação de Ricardo, que chegou ao poder apadrinhado pelo primeiro. Mas nada é impossível na política da Paraíba.
Contudo, um olhar mais perscrutador na história recente na Paraíba, enseja desconfiança em que Ricardo esteja, ainda que remotamente, querendo devolver o poder a um Cunha Lima. Há jabuti nessa conversa. A desfaçatez de Ricardo talvez tenha mais a ver com a votação de suas contas rejeitadas pelo TCE na Assembleia. Ele estaria tentando angariar os votos de deputados ligados ao ex-senador Cássio Cunha Lima. O rápido elogio a Pedro pode ser um cerca-lourenço. É matreirice, mas não deixa de ser inteligente: reconhecer o filho (quem meu filho beija, minha boca adoça) logo em Campina Grande.