É necessário que o aumento de 6% na passagem de ônibus em João Pessoa seja dividido em dois pontos críticos. O primeiro foi o dia escolhido para o anúncio da majoração de um serviço essencial para população. Não é conveniente que uma decisão de grande impacto seja tomada em uma sexta-feira à tarde, às vésperas de um feriado.
Segundo ponto: também não seria nenhum pouco inteligente ignorar – ainda que no imaginário dos mais antigos, a pauta Transporte Público, seja restritamente uma atribuição dos municípios – o peso do desastre econômico da Pátria Amada Brasil em mais uma pancada no consumidor.
Em janeiro, a Frente Nacional de Prefeitos (FNP) pediu uma reunião com o presidente Jair Bolsonaro (PL) para defender a instituição de subsídio federal para o transporte urbano. A revista Veja chegou a manchetar: Com tarifas de ônibus prestes a explodir, Bolsonaro deve receber prefeitos. Nada foi resolvido.
Somente em 2021, o aumento do litro do diesel superou a casa dos 40%. Os combustíveis, diga-se, são quem puxa a alta da inflação no Brasil. Trata-se da grande queixa do setor de transportes. Até os caminhoneiros, ligados ao bolsonarismo, ensaiaram uma greve.
Em João Pessoa, as empresas de ônibus alegaram que o último reajuste havia sido há 25 meses e, que para aumentar a frota, reduzida desde o início da pandemia de Covid-19, seria necessário um novo valor, estabelecendo R$ 4,40, a partir deste sábado, 26.
Recife, Salvador e outras grandes cidades de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais também majoraram a tarifa no início do mês.
Inteligente, talvez, tenha sido o prefeito de Campina Grande, Bruno Cunha Lima (PSD), que em uma jogada de marketing, vendeu a ideia de diminuição da tarifa, de 3,90 para 3,75, quando na verdade acabou com o benefício da passagem em dobro.
No frigir dos ovos, a bomba econômica de Jair Bolsonaro e Paulo Guedes estourou mais uma vez na ponta. E o desgaste político também.