Veneziano e o vírus

Por Maurílio Júnior

Se o diálogo é uma arte da política, o senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB) dirá que tem cumprido bem seu roteiro pré-eleitoral.

Se a coerência é um critério que pesa para o convencimento entre o político e o eleitor, Veneziano já teria maior dificuldade.

Fato é que o ex-cabeludo tem conversado (e até firmado acordos) com Cássio Cunha Lima, seu arquirrival em Campina Grande, a Ricardo Coutinho, chefe do esquema apontado pela Calvário de saquear a Saúde paraibana e responsável direto pela sua saída traumática do PSB.

A esposa do ex-governador, hoje no PT, chegou a tachar Veneziano, não faz muito tempo, de “falso”, através de uma rede social. Mas política é a arte de dialogar. E com diferentes. Ou nem tão diferentes assim.

Tanto Cássio, quanto Ricardo, desafetos declarados, comungam de um só objetivo: derrotar João Azevêdo, que em pesquisa divulgada ontem pelo PBAgora/Datavox, se mostra, a preço de hoje, favoritaço para se reeleger com quase 41%. Veneziano tem 6%.

Veneziano, que apoiara a reeleição de João Azevêdo, conforme mesmo bradou em diversas entrevistas, se dizendo o primeiro a ecoar este grito pela Paraíba, se coloca agora à disposição dos ex-governadores contra aquele que considerou até pouco tempo ‘o melhor para Paraíba’.

E mesmo com Covid-19, o senador mostrou que desta vez, finalmente, nada abalará a sua pré-candidatura a governador, tirando do papel, assim, um projeto antigo, abortado principalmente em 2014.

Ontem, Veneziano foi “à mesa” virtualmente com Ricardo Coutinho e outras poucas lideranças do PT local. Vené deixou claro que não abre mão, em hipótese alguma, do apoio exclusivo de Luiz Inácio Lula da Silva. Ricardo, que diz falar pelo ex-presidente na Paraíba, assegura a reivindicação.

Veneziano está contaminado. Amigos mais próximos falam que não só do coronavírus.