De Fábio Leite, na CrusoÉ
Sem poder usar mais o discurso anticorrupção que ajudou a elegê-lo em 2018, o presidente Jair Bolsonaro trabalha para montar uma espécie de ‘trincheira eleitoral’ com evangélicos e policiais em busca da reeleição em 2022.
Bolsonaro pretende capitalizar politicamente duas ações que atenderam aos interesses desses dois setores, considerados estratégicos para o bolsonarismo, especialmente agora em que o presidente está em baixa nas pesquisas e perde para todos os rivais nas simulações de segundo turno.
Bolsonaro já tem explorado em suas redes sociais o fato de que o próximo presidente da República terá o direito de indicar mais dois ministros para o STF. Ricardo Lewandowski e Rosa Weber se aposentam já em 2023, primeiro ano de mando do futuro governo.
A segunda ação é o reajuste salarial para policiais federais, policiais rodoviários e servidores do Departamento Penitenciário Nacional, o Depen. Por pressão do governo, o Congresso aprovou na terça-feira, 21 a inclusão de 1,7 bilhão de reais no Orçamento de 2022 para agradar uma categoria estratégica que estava incomodada com as interferências políticas de Bolsonaro.
O presidente teme um abandono político de parte das forças de segurança no ano que vem, principalmente depois da entrada de Sergio Moro na corrida presidencial. Pré-candidato pelo Podemos, o ex-ministro da Justiça e ex-juiz da Lava Jato tem ótimo trânsito no setor e virou uma ameaça ao apoio que era dado como certo a Bolsonaro em uma eleição contra o ex-presidente Lula.
Com essa trincheira eleitoral, composta também pelos militares que sempre estiveram dentro do governo, Bolsonaro espera garantir seu passaporte para o segundo turno e apelar para as forças mais conservadoras para tentar derrotar o chefe petista., que tem investido em uma roupagem de moderado e procurado o apoio, inclusive, de lideranças evangélicas.