O que mais chama atenção no atual cenário eleitoral do Brasil não é a resistência nas pesquisas de Bolsonaro nem a pujança de Lula. O que impressiona é a debilidade daqueles que se apresentam como alternativa à polarização. Na sondagem mais recente, divulgada pelo site Poder 360, sete candidatos da chamada terceira via não dão um Bolsonaro. Seria razoável esperar que, numa conjuntura marcada pelo desgoverno de um personagem com os dois pés fincados no atraso, seus adversários estivessem numa situação mais favorável.
PoderData: Lula esmaga Moro e Bolsonaro no segundo turno
Lula se mantém na liderança. Se a eleição fosse hoje, chegaria na frente no primeiro turno, oscilando entre 34% e 36% das intenções de voto, conforme o cenário. Prevaleceria no segundo round sobre todos os rivais. Bolsonaro continua ostentando a segunda posição, variando de 27% a 29%. Não há um candidato competitivo na região que se convencionou chamar de centro. Juntos, os sete candidatos que ralam nessa área somam 25%.
Os presidenciáveis da terceira via só alcançam Bolsonaro se for adicionado ao congestionamento o percentual atribuído ao folclórico Cabo Daciollo, que oscila entre 2% e 3%. Aglomeram-se num intervalo que varia de zero a 9% Ciro Gomes, Sergio Moro, João Doria, Eduardo Leite, Henrique Mandetta, Alessandro Vieira e Rodrigo Pacheco.
Tocqueville ensina na sua obra “O Antigo Regime e a Revolução” o seguinte: “Não é indo sempre de mal a pior que se cai numa revolução.” Significa dizer que a sociedade suporta qualquer infortúnio quando não enxerga uma porta de saída.
Por enquanto, afora a saída pela esquerda oferecida por Lula, o que há diante do eleitorado é uma via que conduz a um paredão. O fato de existirem vários candidatos dispostos a bater com a cabeça na parede para tirar Bolsonaro do segundo turno não significa que a parede vai virar uma porta.
Na política, sempre há a alternativa do diálogo. Mas as duas principais características da terceira via são o excesso de cabeças e a carência de miolos.
Josias de Souza | UOL