Ciro se perdeu no personagem e vaia faz parte do jogo; agressão não

Por Maurílio Júnior

Ciro Gomes fez uma escolha clara e equivocada quanto ao seu futuro eleitoral em 2022. Ao se alinhar a um discurso bolsonarista em relação ao maior líder da esquerda, o pedetista automaticamente se colocou em outro campo, que não é o do denominado campo progressista.

Ciro Gomes abandonou o seu eleitor de 2018 ao reforçar uma comparação descabida de ex-bolsonaristas de ocasião entre Lula e Bolsonaro e, o pior, endossando narrativas do próprio Presidente da República que acusa Lula e o PT de figuras antidemocráticas e todos nós sabemos que, apesar de muitos equívocos petistas, não são.

Dilma Rousseff foi impichada e não ameaçou fechar o Congresso; Lula foi preso e não ameaçou acabar com o judiciário. Só isso bastaria para desmentir Ciro Gomes.

Vaias ➭ Ao participar do ato deste sábado 2/10 contra Bolsonaro, na Avenida Paulista, Ciro Gomes foi vaiado. E sejamos sinceros: Faz parte do jogo. Ao decidir atacar Lula na mesma proporção que faz com Bolsonaro, o ex-governador do Ceará construiu uma antipatia com a esquerda.

Ciro optou por caminhar com figuras como Datena, João Doria, Henrique Mandetta e Eduardo Leite – este último desdenhou do pedetista na semana passada por ser um candidato que não decola – se perdendo no personagem. E também faz parte do jogo.

Todos eles embora sejam contra o genocídio de Bolsonaro na pandemia da Covid-19, apoiam o desastre econômico de Paulo Guedes, com inflação em dois dígitos.

Agressões ➭ A vaia sim faz parte do jogo. É como o aplauso. Vai depender do desempenho do artista. No caso de Ciro, do político. O que não deve ser tolerado são tentativas de agressões, sejam elas físicas ou verbais.

Ao tentar agredir Ciro, como já havia feito recentemente o ator petista José de Abreu com a deputada Tabata Amaral, parte da esquerda perde o debate e desvirtua o que realmente deveria estar em destaque.