João Pessoa

Opinião: quando a língua fala e a cabeça não pensa

Por Maurílio Júnior

Secretário de Saúde de João Pessoa, Fábio Rocha

Já não é mais novidade pra ninguém que os secretários de Saúde do Estado e da Prefeitura de João Pessoa, Geraldo Medeiros e Fábio Rocha, não falam a mesma língua. O choque de visões entre eles sobre a pandemia é resultado do único incômodo na relação construtiva do prefeito Cícero Lucena (Progressistas) com o governador João Azevêdo (Cidadania).

Leia também » Em JP, homem ameaça não se vacinar ao tentar escolher fabricante do imunizante; vídeo

Rocha não esconde o que pensa sobre a crise sanitária. Logo nos primeiros dias de gestão e às vésperas do maior pico da Covid-19, o secretário municipal deixou bem claro que, por ele, não haveria grandes restrições de circulação, ao comparar a gravidade do vírus a um “mimimi” ou “histeria”. Medeiros é radicalmente contra o que pensa Fábio Rocha.

Muito mais alinhado ao que pensa o governo federal sobre a pandemia, o secretário de Cícero não percebe, mas tem feito um mal ao seu próprio trabalho, quando permite que o sucesso da vacinação em João Pessoa fique em segundo plano em detrimento a suas simpatias políticas. Foi assim quando desnecessariamente atacou os integrantes da CPI da Covid-19.

Ao Sistema Correio de Comunicação, o presidente da Comissão, Omar Aziz (PSD-AM), ameaçou convocar Fábio Rocha para depor. Era tudo que o próprio secretário de Saúde não precisava. Aliás, foi na Correio, ontem, que Rocha escolheu para criticar uma situação a qual não havia se concretizado.

Mais uma vez o foco foi Geraldo Medeiros, acusado de retardar a vacinação em João Pessoa. Lembremos que a capital foi acusada recentemente pelo prefeito de Campina Grande de receber, supostamente, um tratamento diferenciado por parte do Governo do Estado. A Controladoria Geral da União rechaçou a tese campinense.

Rocha reclamou do Estado por atrasar uma distribuição de um lote o qual havia acabado de receber e que terminou sendo executada na manhã desta quinta-feira (01/7), bem diferente, por exemplo, do Ministério da Saúde, que havia recebido o novo lote da Fiocruz no início da semana e somente distribuiu para os estados nesta quinta-feira.

Fábio Rocha reclamou? A língua tem falado mais do que a cabeça tem pensado.