escassez de vacina

Guedes dobra aposta do governo Bolsonaro contra China

Por Maurílio Júnior

Relação do governo Bolsonaro com a China atrapalha envio de insumos para Coronavac — Foto: Guilherme Almeida

A sandice do governo Bolsonaro não tem limites. Nesta terça-feira (27), o ministro da Economia, Paulo Guedes, decidiu dobrar a aposta do governo contra a China.

Sem saber que estava sendo gravado, o posto Ipiranga de Jair Bolsonaro afirmou em reunião com outros ministros que “o chinês” criou a Covid-19 e ainda produziu vacinas de eficácia mais baixa do que aquelas desenvolvidas por farmacêuticas dos Estados Unidos.

Paulo Guedes ‘substitui’ Ernesto Araújo

A fala de Guedes entra no rol de declarações trágicas de integrantes do governo e da família Bolsonaro contra a China, a maior parceira comercial do Brasil e principal fornecedor de insumos para produção de vacinas.

Críticas semelhantes às feitas pelo ministro da Economia levaram à queda de Ernesto Araújo do Ministério de Relações Exteriores. Ele ficou inviabilizado por prejudicar as relações com os chineses, principalmente no momento em que o País depende de vacinas e matérias-primas dos asiáticos.

Escassez de vacina 

O insulto de Guedes se dá em um momento gravíssimo da vacinação no país, com muitos estados registrando falta de doses da CoronaVac para segunda aplicação, depois de o Ministério da Saúde orientar municípios a não guardar nada em estoque.

A Paraíba, por exemplo, tinha até o último fim de semana mais de 40 mil pessoas em atraso com a segunda dose, situação que tem sido regularizada após uma decisão judicial que determinou o envio de 75 mil doses da CoronaVac.

Para as próximas semanas, secretários estaduais de Saúde já trabalham com um cenário de escassez da CoronaVac justamente por falta de insumos, o que fez, aliás, o ministro Marcelo Queiroga rever a fatídica orientação do Ministério da Saúde para municípios não guardarem a D2 em estoque.

Governo chinês reage

O embaixador da China no Brasil, Yang Wanming, reagiu pelas redes sociais.

Até o momento, a China é o principal fornecedor das vacinas e os insumos ao Brasil, que respondem por 95% do total recebido pelo Brasil e são suficientes para cobrir 60% dos grupos prioritários na fase emergencial. A CoronaVac representa 84% das vacinas aplicadas no Brasil”, escreveu.

O recado foi dado. Mais um…