O arcebispo da Paraíba, Dom Delson, se manifestou, nesta segunda-feira (17), contrário ao aborto realizado em uma menina de dez anos que engravidou após ter sido estuprada pelo próprio tio, de 33 anos, no estado do Espírito Santos.
Ao blog, Dom Delson classificou de “homicídio” o procedimento e defendeu os atos de grupos católicos em frente ao hospital onde a criança estava internada no Recife (PE) depois de ter o atendimento negado no seu estado.
Ao tomar conhecimento da vinda da criança, grupos contrários ao aborto se aglomeraram e tentaram invadir o hospital com direito a bate-boca e empurrões.
No Brasil, o aborto é proibido, com exceção quando há risco de morte para a mãe causado pela gravidez, quando foi fruto de um estupro ou se o feto for anencéfalo. Nos três casos, a mulher é permitida a optar por fazer ou não o aborto. Caso decida por fazer, deve-se realizar o procedimento gratuito pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Confira, abaixo, a entrevista com Dom Delson.
Qual é o posicionamento do senhor em relação a este caso especifico de uma criança de 10 anos que engravidou vítima de estupro? Um grupo de católicos, aliás, protestou ontem em frente ao hospital…
A Igreja é sempre a favor da vida e defende que a vida seja protegida sempre. Sabemos que foi uma violência a essa criança inocente, infelizmente no Brasil acontece muito isso (estupros), mas a Igreja não está concordando com isso. Uma vez que, a menina concebeu, então, ela deve ser protegida e a criança e dá todo suporte psicológico, familiar, humano, espiritual, para que essa criança possa realmente ter a vida. Temos testemunhas de médicos que já fizeram vários partos com crianças de 10 a 12 anos que foram bem sucedidos. Seria possível que essa criança nascesse com saúde e em perfeito estado. E aí seria um acompanhamento, assistência médica, pouparia a vida da criança mãe e da criança gerada. Infelizmente no Brasil há um movimento pró-aborto que aproveita todas as situações de todos os casos para defender essa bandeira e isso deixa realmente as pessoas que têm uma ética cristã muito triste por essa situação. A gente entende desse jeito. A igreja não pode se calar diante desse homicídio. Não deixa de ser um homicídio. Esperamos que, parece que o caso já foi consumado, geraram um remédio no coração da criança, segundo informações que tenho, a criança certamente irá morrer, infelizmente. Mas aí fica o grito e o protesto da igreja contra essa situação.
O trauma da criança…
O trauma já foi feito. O trauma não vai mudar. Segundo consta, a criança queria ter o filho, mesmo com toda essa situação. Ela vai ter razão para ter um trauma maior ainda. Saber que gerou um filho e que esse filho foi morto. Será um outro trauma acrescentado ao anterior. Então, não se resolve eticamente um mal com outro mal. Se resolve o mal com o bem e o bem seria poupar a vida das duas crianças.
Pelo que consta na decisão judicial (que autorizou o aborto) a menina relatou as assistentes sociais a intenção de interromper a gravidez…
As informações que tenho é que ela queria ter o filho. Há toda uma organização muito poderosa, inclusive, internacional, que defende o aborto em todos os casos. É um caso difícil realmente, porque uma criança que foi estuprada, mas mesmo nesse caso, a posição da igreja é que se defenda a vida das duas pessoas. Essa criança não vai deixar de sofrer por conta dos abusos. Mas salvaria uma vida. E nunca sabemos o bem que essa vida gerada traria para família e sociedade. Conheço muitos casos de estupros e que a pessoa aceitou ter a criança e depois a criança foi uma benção. São coisas diferentes. Não concordamos com esse tipo de coisa, inclusive, não é o primeiro caso no Brasil que teve essa repercussão toda e também é um movimento de pessoas católicas, evangélicas, pessoas de boa vontade a favor da vida que estão dando um grito de alerta. O que queremos é proteger a vida.