A PGR (Procuradoria-Geral da República) está investigando a gestão de oito governadores por suspeitas de irregularidades em contratos firmados durante a crise do novo coronavírus. A informação é da conceituada colunista Mônica Bergamo da Folha de S. Paulo.
A jornalista apurou que estão sendo investigadas as gestões de João Doria (PSDB-SP), Wilson Miranda Lima (PSC-AM), Helder Barbalho (MDB-PA), João Azevêdo (Cidadania-PB) e Wilson Witzel (PSC-RJ), além de outros três mandatários que não tiveram os nomes revelados.
Governadores têm prerrogativa de foro e só podem ser investigados depois de autorização da corte. As investigações mais avançadas seriam as dos estados do Rio de Janeiro e do Pará.
A operação da Polícia Federal nessa terça-feira (26) na residência oficial do governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), ampliou os questionamentos a respeito de uma possível interferência do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na corporação.
Um dia antes da operação – importantíssimo ressaltar -, a deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP), aliada do presidente Jair Bolsonaro, afirmou em uma entrevista que várias operações contra governadores estavam para ser deflagradas, no que seria um escândalo nacional que poderá ser apelidado de “Covidão”. Não deu outra.
A tensão na relação de Bolsonaro com governadores se arrasta especialmente desde o início da pandemia, com os gestores estaduais se opondo a reabrir comércio e outras atividades em meio ao avanço acelerado de casos e mortes da doença em todo país.
Na reunião ministerial do dia 22 de abril, Bolsonaro chegou a falar em armar a população contra governadores e prefeitos. Em outra audiência, cobrou de empresários ‘jogo duro’ contra governadores.
Paralelo a isso, a relação inapropriada entre o Procurador-Geral da República, Augusto Aras, e Bolsonaro, escancara o descompromisso do chefe do Ministério Público Federal com suas obrigações constitucionais e constrange a própria Advocacia-Geral da União, tamanho é o empenho de Aras com Bolsonaro.
Ainda nessa terça-feira (26), procurador-Geral da República, Augusto Aras, disse a Bolsonaro que estaria “esperando Vossa Excelência com a alegria de sempre”. O presidente da República havia se convidado para dar uma passadinha na PGR.
Ao nomear Aras, em setembro do ano passado, Bolsonaro escolheu um nome fora da lista tríplice preparada pelos procuradores – uma tradição desde 2003, no primeiro governo Lula. A preocupação em se blindar – e blindar sua família – da Justiça foi e ainda é a maior prioridade de Bolsonaro.
Bolsonaro promete novas operações
Nesta quarta-feira ao deixar o Palácio da Alvorada, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que, enquanto for presidente, “vai ter mais” operações da Polícia Federal (PF) em todo o país, como a que mirou o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC). Bolsonaro ressaltou, no entanto, que não tem informações privilegiadas sobre isso.
Vai ter mais. Enquanto eu for presidente, vai ter mais (operação). No Brasil todo. Não é informação privilegiada, não. Vão falar que é informação privilegiada