Em indireta ao ministro Henrique Mandetta (Saúde), Jair Bolsonaro fez nesse domingo (05) o que restou para um presidente decorativo: ameaçar usar uma caneta (sem tinta) contra integrantes do governo que, segundo ele, viraram estrelas. É uma tentativa de reafirmar que ele é o presidente. Sintomático.
Na última quinta-feira (02), Bolsonaro já havia deflagrado uma crise pública com Mandetta ao cobrar do ministro “humildade”. A condução responsável do auxiliar no enfrentamento à pandemia do coronavírus desagrada a Bolsonaro.
Poço de ignorância e demência, Bolsonaro esperneia pela volta à normalidade em um momento crítico da pandemia no país. Médico, Mandetta segue a ciência e assegura o isolamento social, medida recomendada pela Organização Mundial da Saúde contra o contágio do vírus.
A sensatez e o equilíbrio de um subordinado enciumaram o mito, que até pouco tempo enxergava no ex-juiz Sergio Moro uma ameaça eleitoral para 2022 em virtude da pauta anticorrupção. Com o surgimento do coronavírus, o alvo agora é Mandetta. Mas com um agravante para a insanidade de Bolsonaro: diferente de Moro, Mandetta conseguiu apoio dentro do próprio governo, da esmagadora opinião pública e até de opositores a Bolsonaro.
Qualquer ameaça a Mandetta é colocar-se contra o Brasil. Politicamente, um tiro no pé. É o que pode ser chamada de esperança pelos brasileiros.