Um governo em contagem regressiva?

Por Maurílio Júnior

O chumbo trocado entre o deputado federal Damião Feliciano (PDT) e o presidente da Assembleia Legislativa da Paraíba (ALPB), Adriano Galdino (PSB), sobre o pedido de impeachment contra o governador João Azevêdo (Cidadania) e a vice-governadora Lígia Feliciano (PDT), externou uma desconfiança até então levada na base da conversa de calçadão.

As palavras de Damião, marido da vice-governadora, foram fortes. O parlamentar claramente insinua um complô entre os deputados e o presidente da Assembleia para derrubar a chapa João/Lígia, uma situação que seria inédita no país. Galdino, com isso, atravessaria a rua que separa a Casa de Epitácio Pessoa e o Palácio da Redenção.

A nota de Galdino fala em “estranheza” com as declarações de Damião.

Ao Hora H, da Rede Mais, Damião Feliciano desqualificou o pedido de impeachment protocolado na última quarta-feira (5) pela oposição e encaminhado por Galdino para assessoria jurídica da Casa. Ele entende que não há elementos “para derrubar o governador, nem muito menos a vice-governadora”.

O deputado relembrou os casos de impeachment contra os presidentes Fernando Collor e Dilma Roussef, quando em ambas oportunidades assumiram os vices Itamar Franco e Michel Temer, respectivamente. “Colocaram embutido dentro desse pedido o impeachment da vice-governadora porque ela seria co-responsável. Não existe esse figura na legislação. Isso nunca aconteceu nesse país”, disse Damião. “A peça não tem fundamento nenhum”, bradou.

O gancho foi perfeito para o presidente da ALPB devolver aos Felicianos a suspeita de que seria o maior interessado com a queda do governador.

“(…) o deputado Damião Feliciano entende que é possível o processo de impeachment contra o governador João Azevêdo, mas não de sua mulher, a vice-governadora Lígia Feliciano.“, diz um trecho do texto.

Em meio ao tiroteio deflagrado está o governador João Azevêdo (Cidadania). Nas cordas desde que tomou posse, após assumir o lamaçal deixado pelo seu antecessor Ricardo Coutinho (PSB), alvo da Operação Calvário, o seu governo terá mais uma missão: a de barrar uma contagem regressiva, que por outras vias, já se iniciou.