Ricardo, a oposição que faltava a João

Por Maurílio Júnior

Nenhum político de oposição conseguiu a proeza de ecoar palavras tão fortes e contundentes contra o início de gestão de João Azevêdo (PSB) como fez o ex-governador Ricardo Coutinho (PSB), nesse último fim de semana, em Cajazeiras.

Durante entrevista coletiva na Câmara Municipal da cidade, Ricardo descascou seu sucessor. Com outras palavras, Ricardo sugeriu que João tem comprometido o projeto de poder do PSB na Paraíba. Ao se colocar à disposição, fez uma cobrança: o projeto precisa ser mantido. Mas como bem se sabe, João tem dado sequência as políticas e programas do governo que é vendido nos meios de comunicação como de continuidade – menos, talvez, para Ricardo.

Para o ex-governador, João é um telespectador de luxo com a caneta na mão. Nada fez em cinco meses. Obras e outras ações que estão sendo executadas são graças ao que ele deixou de herança nos últimos oito anos. Citou R$ 300 milhões deixados em caixa, além de obras que estão em andamento ou prontas para entrega. “Isso não começou agora”, cravou.

Ricardo Coutinho também fez uma série de críticas ao modo que João Azevêdo tem conduzido a relação com o G-10 na Assembleia Legislativa da Paraíba, agrupamento de parlamentares governistas, mas intitulado de independente. Ricardo quer uma posição mais enérgica do seu sucessor. “Eu acho que essa coisa vai terminar em uma situação ruim, vai ter atritos cada vez maiores, mas não sou governante, se eu me visse nessa situação, gostaria de ter uma definição: quem está com o governo e quem não está”.

Ainda com outras palavras, Ricardo sugere que João deixe de ser frouxo. “Eu tive um primeiro mandato profundamento tumultuado, em minoria na Assembleia, mas eu não abri. Eu disse: vou até o fim desse jeito, porque tenho que ir. Não posso ter uma postura que inviabilize a Paraíba”.

E acrescentou:

“Eu acho que muito disso depende do governo dizer aquilo que é e como quer”.

Ricardo se colocou como a oposição que faltava a João.