A relação do prefeito de João Pessoa, Luciano Cartaxo (PV), com o secretário de Saúde do município, Adalberto Fulgêncio, seria digna de admiração pela fidelidade, se não fossem os áudios comprometedores que correm a cidade entre o chefe do executivo municipal e dois secretários (Adalberto e Diego Tavares), que explicam em parte a permanência de Fulgêncio na pasta e a defesa contundente do prefeito ao trabalho do amigo.
O blog questionou o prefeito nesta semana sobre os últimos acontecimentos na Saúde do município. Para não constranger o político, foi citado tão somente a interdição do bloco cirúrgico do Trauminha, em Mangabeira, e do caos (falta de médicos entre outras coisas) no Hospital do Valentina, que culminou na entrega dos cargos da direção administrativa e técnica da unidade. Uma criança, aliás, morreu no local neste mês. O Hospital nega falta de atendimento.
Luciano respondeu o seguinte:
“A direção do hospital está trabalhando bem, em sintonia com o CRM (Conselho Regional de Medicina), a pediatria está funcionando muito bem. Antigamente tínhamos um hospital que atendia adultos e crianças e nós transformamos num hospital infantil. O atendimento está cada vez mais humanizado. A mesma coisa em relação ao Ortotrauma, que recebe uma demanda extra gigantesca, que vai muito além da cidade de João Pessoa. É um hospital portas abertas. Estamos com UTI funcionando, estamos com todas as salas de cirúrgicas funcionando, atendendo à população, humanizando esse tratamento e fazendo investimentos que são importantes. A Saúde de João Pessoa é uma Saúde que atende todo estado da Paraíba”.
Para o mangabeirense ou qualquer outro morador da Zona Sul de João Pessoa, que recorre ao Trauminha por falta de alternativa, é quase uma afronta o prefeito dizer que a Saúde do município atende todo estado e o atendimento é humanizado. Não está atendendo nem a vizinhança. O bloco cirúrgico do principal hospital da gestão ficou fechado por quase um mês. Baratas foram encontradas nas salas cirúrgicas no Trauminha, tamanho é o descaso. A direção do Hospital do Valentina entregou o cargo por falta de condições de trabalho, porque não há médicos na escala de plantões. Nessa mesma semana uma criança morreu na unidade. Coincidência, não?
O Conselho Regional de Medicina da Paraíba ainda cobra reparos em uma segunda sala de cirúrgias do Trauminha. Também pela precariedade, vista recentemente na primeira sala do bloco. Difícil encontrar algum tipo de humanização, fora o discurso da boca para fora do prefeito.
E ainda não é nem 1º de abril.