A não desincompatibilização para disputar o Senado, colocou o governador Ricardo Coutinho em outro patamar dos políticos paraibanos – afinal, o gestor em fim de mandato abriu mão da confortável posição de virtual senador eleito para abraçar de vez a incerta eleição do seu ex-secretário João Azevedo.
Não que precisasse.
Quem acompanha Coutinho periga a acreditar que trata-se de um fenômeno, tamanho é o convencimento dele próprio com tudo que acontece de bom na Paraíba seja de sua responsabilidade.
Ricardo não é fenômeno.
Nem tudo que acontece de positivo no estado é porque Ricardo está governador. Também não vai pra conta tudo que acontece de ruim, ainda que, em alguns casos, possa ter sua parcela de culpa.
Ricardo é humano, e como qualquer um, também é incoerente.
Para quem prega o “Eu”, o “Eu fiz aquilo”, “Meu governo mudou”, “Só o meu governo tenho legitimidade”, é no mínimo estranho Ricardo julgar que “ninguém é dono de campo” quando respondeu, hoje, sobre o impasse com o PT e o apoio a Lula.
O socialista ainda disse que “ninguém tem hegemonia”. E acrescentou: “Não tem uma coisa de achar que isso é meu ou todas ideais são minhas. É preciso que tenhamos mais generosidade”.
Não sendo uma mudança de comportamento, o que seria muito positivo nesse aspecto, Ricardo Coutinho foi humano, mesmo que, a contradição tenha passado despercebida.