Em 2014, o então candidato ao Governo do Estado, Vital do Rêgo (MDB), foi ao guia eleitoral propor a transformação da Granja Santana – residência oficial do governador da Paraíba – em um centro médico materno infantil.
Antes, o arquiteto, urbanista ex-prefeito Luciano Agra defendeu o espaço como Parque público para a cidade de João Pessoa.
Em 2018, a serventia e os custos da Granja voltam a ciscar no terreiro da sucessão. Dessa vez, encontra terreno ainda mais fértil: os apelos Brasil agora pelo corte de gastos dos Poderes e dieta da gorda máquina pública brasileira.
Pré-candidato ao Governo pelo PV, Lucélio Cartaxo resgata acertadamente a proposta e traz um ingrediente novo: além do parque, a desativação das dependências da Granja se prestaria à instalação de um Museu de Inovação.
Adicionaria, aqui, uma ideia. Por que não um Museu da História da Paraíba no local onde residiram tão relevantes nomes da vida pública paraibana, preservando o acervo público e pessoal dos governadores? É um equipamento que não temos, apesar de nossos quatro centenários. A Granja, adquirida em 1969, já é tombada pelo IPHAEP desde 2010.
Vamos combinar. Nos tempos de hoje, o contribuinte não tem mais humor para pagar a conta de privilégios dispensáveis. Foi esse raciocínio, por exemplo, que guiou o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), quando se absteve de morar no Palácio dos Leões e mandou vender a casa de veraneio do Governo, gerando economia ao bolso dos maranhenses.
Aqui, na Paraíba, a discussão encontra, finalmente, momento adequado, os meses finais do governo. Diferente de 2014, no processo de reeleição, esse período conclusivo elimina eventual casuísmo, direcionamento crítico a Ricardo Coutinho e presumido aproveitamento de adversários, porque na prática não atinge o atual governador.
Como se sabe, Coutinho sequer é candidato nesta eleição e com despedida agendada do cargo para dezembro ele já tem assegurada sua opção de habitar na Granja até o fim de sua passagem pelo Governo. Não seria, em tese, atingido.
Quem sabe, o próprio Ricardo não poderia encerrar seu mandato com essa decisão política absolutamente sintonizada com inspiração republicana, termo recorrentemente invocado por ele próprio ao longo do seu período administrativo.
Caso contrário, chegou a hora de se enfrentar esse tema. Mas esse debate precisa ser amplo e, de preferência, com a participação e compromisso de todos os candidatos. Uma pergunta, apenas, é o suficiente: os cinco hectares da Granja são melhores aproveitados abertos à utilização coletiva e pública ou servindo somente a uma só pessoa?