As consequências da greve dos caminhoneiros superam em muito os prejuízos de filas nos postos de gasolina e falta de mercadorias nas prateleiras.
Os cancelamentos de aulas nas escolas, a suspensão de cirurgias em hospitais públicos, as ruas e comércio esvaziados e a sensação de paralisia geral revelam mais.
O Brasil está em chamas. Manifestantes fazem barulho, mas o ambiente inflamável deu espaço para até vândalos aproveitarem para tocar fogo no terror.
Dentro dessas labaredas, joga-se de tudo. Gente desavisada e alheia ao movimento interrompe estradas, moradores fecharam ruas e todos colaboram de alguma forma para o caos generalizado.
Essa instabilidade não é de hoje, mas empurra muitos nesse movmento, uns por desinformação outros por uma nova expressão de anarquia, a defenderem a intervenção militar como saída.
Há um sentimento generalizado de incertezas poucos meses antes das eleições, mas esse quadro tosco não pode tirar do cidadão a convicção de que a urna é o único remédio legítimo contra o abismo a que afundamos.
Os fracassos e deslizes na nossa democracia não devem servir, jamais, para justificar atos de força, intolerância e usurpação do direito de escolha.
Pelo contrário, é o Estado Democrático de Direito o nosso maior bastião. Não fosse ele, em vez do ronco das ruas e das redes, as expressões máximas da liberdade de expressão, estaríamos anestesiados pelo falso silêncio como regra e a covardia como amiga.